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terça-feira, 5 de outubro de 2010

A “vaga” perdida e os times americanos

A CONMEBOL, dentro de sua prática habitual de privilegiar o atraso e a política em detrimento do mérito esportivo, tal e qual a CBF faz com a Copa do Brasil, diga-se, deu uma vaga na Copa Libertadores ao campeão da secundária e sem atrativos Copa Sul Americana. O campeão da competição mais importante continua com sua vaga assegurada no ano seguinte, mas como parte da cota a que seu país tem direito. A vaga pertencente à confederação mudou de dono.
A Copa Libertadores é disputada por dez países sul-americanos e um norte/centro-americano, com as seguintes vagas:

Argentina 5 vagas
Bolívia 3 vagas
Brasil 5 vagas
Chile 3 vagas
Colômbia 3 vagas
Equador 3 vagas
México 3 vagas
Paraguai 3 vagas
Peru 3 vagas
Uruguai 3 vagas
Venezuela 3 vagas
Confederação 1 vaga

Temos, então, 38 vagas, das quais 6 são disputadas na chamada Primeira Fase, por 12 clubes – um de cada uma das onze federações e o 12º da associação da qual faça parte o time que ocupa a vaga da CONMEBOL. Ou seja, o país do campeão da Copa Libertadores até a edição 2010, e do país do campeão da Copa Sul Americana, a partir de 2011, tem duas vagas na pré-Libertadores ou Primeira Fase.
A CBF, em típica atitude de quem “joga pra galera”, pleiteia a manutenção de uma sexta e hipotética vaga, que, na verdade, pertence à confederação e não ao país do clube campeão. Ora, para que essa vaga permaneça para o Brasil, algum país teria que perder uma das suas. Nessa hora, os primeiros nomes que surgem são Bolívia e Venezuela.
Vã ilusão.
Em política não se diminui nada, pelo contrário. Alguém já viu prosperar alguma proposta para reduzir o número absurdo, gigantesco, abusivo mesmo, de parlamentares de todos os níveis e tipos que tem essa república?
Não. Isso é impensável, simplesmente. Nenhum político vai votar a favor de redução no número de suas vagas e nenhum país irá votar pela redução do número de vagas na Copa Libertadores. Aliás, seria mais fácil os eleitores da CONMEBOL tirarem uma ou duas vagas do Brasil e da Argentina do que o contrário. Afinal, são oito países sul-americanos com direito a três vagas contra dois com direito a cinco vagas. E um país, um voto.
O peso político do Brasil na CONMEBOL é reduzido. Tivemos uma boa amostra na desastrada proposta do presidente da CBF há poucos anos, quando, pressionado pela direção do Flamengo, propôs que não se jogasse em La Paz, Oruro, Potosí e Quito.
Dançou, obviamente, bola que o “velho” OCE cantou com enorme facilidade.
Quem fala em tirar uma vaga de Bolívia ou Venezuela não conhece a CONMEBOL e, temo, tampouco conhece LatinoAmerica e seus novos dirigentes bolivarianos.

A (remotíssima) chance brasileira
Há uma possibilidade, sim, para que essa vaga, que pertence ao Brasil de forma passageira, seja mantida: é a criação de mais quatro vagas na competição. Uma para o campeão da Libertadores sem prejuízo de uma vaga do país do campeão, e mais três vagas para abrigar os times da MLS – Major League Soccer.
Agregando americanos e canadenses, teríamos uma expansão da Copa Libertadores e dos times sul-americanos para o crescente mercado norte-americano. Já se falou nisso algumas vezes, mas nada foi concretizado, embora um time americano já tenha disputado a Sul Americana.
À Nissan interessa uma presença maior nos Estados Unidos, o que também já foi bem visto pela direção do Santander, antes, porém, do Crash de 2008.
Provavelmente, os valores envolvidos com patrocínios e direitos de transmissão aumentariam um bocado, se bem que é difícil falar sobre isso a respeito de CONMEBOL e Libertadores. Afinal, se a competição mais importante do continente paga ao seu campeão menos do que ganha um grande brasileiro para disputar um simples estadual, como imaginar que tipo e intensidade de alavancagem financeira permitirá uma expansão como essa?
A par das mudanças no marketing e nas finanças, uma Libertadores ampliada precisaria de uma total reformulação no chaveamento e na sua forma de disputa.

Para finalizar:
1 – não teremos vaga extra para o futebol brasileiro;
2 – a segunda parte desse post está mais para sonho do que para mudança possível a curto prazo.

TEXTO de EMERSON GONÇALVES do OCE e do Blog.

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